IDEB

Por que o IDEB 2013 não atingiu as metas, inclusive nas escolas privadas?

 

idebNão é novidade que nossa educação patina há anos. Agora, com a divulgação do IDEB 2013, constata-se que não conseguimos atingir as metas - que são baixas - desde os anos finais do ensino fundamental até o último ano do ensino médio. Mais do que um sinal de alerta, trata-se da constatação que nossa educação vai de mal a pior. Então, o que fazer? Por onde começar?

No Brasil, os cursos de formação de professores, no geral, são inadequados e não preparam nossos docentes para lecionar para a educação básica. Esses cursos não dão a clara ideia do que é uma sala de aula e de como se comportar dentro dela. Faltam, portanto, cursos mais voltados para a realidade dos professores e alunos de hoje.

Teorias são importantes e fundamentam os conhecimentos adquiridos, mas, sem a práxis, elas perdem o sentido e ficam apenas na retórica. Precisamos aproximar esses cursos da realidade da sala de aula. Esse seria um primeiro ponto, a meu ver.

O segundo é preparar os futuros docentes para lecionarem em escolas do século 21. Como muitos educadores de nome, como o meu colega prof. José Pacheco, já disseram e dizem, a escola é do século 19, o professor é do século 20, e o aluno é do século 21. Isso tem de acabar. Afinal, todos estamos no século 21.

Quando digo "aulas do século 21", não me refiro apenas ao domínio das TICs - tecnologias da informação e comunicação - e de softwares educativos. Eu vou mais além: aulas devem se basear em reflexão, raciocínio e não em mera exposição de conteúdos. Por que não investir em aulas por projetos, em sala de aula invertida e outras metodologias que estão se mostrando mais eficientes na educação moderna?

Em terceiro lugar, temos de mudar esse currículo defasado e que não está sincronizado com o novo modo de aprender. Temos de conectar a comunidade, a sociedade e envolver todos os atores no processo educativo. Temos de dar um novo significado ao ensino-aprendizagem. O ensino deve envolver conhecimentos de nosso dia a dia, de nosso cotidiano - como dizia Paulo Freire - que sejam úteis para nossas vidas e portanto gerem uma aprendizagem verdadeiramente significativa.

Em quarto e último lugar, não creio que o problema da educação esteja só nas escolas, nos professores e nos métodos. Ele está, também, em nossa sociedade que não sabe ao certo o que é uma boa educação. Pesquisas recentes revelam que pais que têm filhos na escola pública, avaliam-na como boa ou ótima. Até aí, nada demais. O problema aparece quando são questionados do porquê de suas respostas. Aparecem respostas do tipo "a escola tem merenda" ou "a escola dá uniforme". Constata-se, portanto, que muitos pais não sabem avaliar as escolas de seus filhos.

Nesse sentido, como parte importante de uma proposta de melhoria da educação, devem-se fazer campanhas educativas que "ensinem esses pais" a avaliarem as escolas de seus filhos, como por exemplo, ensinar-lhes que o IDEB é um tipo de nota dada à escola. Criar esse tipo de cultura de avaliação escolar na população menos favorecida - principalmente, mas não só nela-, julgo ser um passo muito importante para o avanço na educação.

Para resumir, gostaria de reafirmar que nossas escolas não vão bem, tanto as públicas quanto as privadas, com raras e pontuais exceções. Reformas urgentes são necessárias na capacitação docente, nas metodologias de ensino e na conscientização da população da importância da educação. A melhora na educação não virá de alguns desses atores envolvidos no processo, mas sim de todos. Escola, educadores, pais, alunos, sociedade; todos têm de se envolver com isso e dar a sua parcela de contribuição.

Por Prof. Carlos Sanches

Comentários

  1. Importante saber o que é retórica na concepção de Aristóteles.

    ResponderExcluir
  2. Somente destruindo o sistema atual de educação será possível vencer esse desafio. Alunos de universidade públicas lotam os estacionamentos com carros. Alunos que trabalham o dia todo, partem após ao trabalho para as faculdades particulares que em sua maioria querem mais é saber de cobrar as mensalidade à base de contratação de pacotes de professores que se dividem dando aula em diversas "faculdades" e "cursos de pós"; ainda essas faculdades não têm centros de excelência em pesquisa e socam um programa de curso meia boca com aval do ministério da educação. Na outra ponta, o ensino básico e fundamental está abandonado e baseado num modelo atrasado para nossos tempos. Capacitar melhores professores é um primeiro passo, mas valorizar a profissão com incentivos econômicos, morais e sociais também deve fazer parte desse novo modelo. Destruir o modelo atual requer coragem de um grande líder e a sociedade tem que vir junto ou à reboque nisso, pois se formos esperar isso acontecer naturalmente, estamos fadados à eterna escuridão da ignorância que paira na maioria da ditadura dessa democracia. Logo, ou o país caminha para uma inovação, uma ruptura com o velho modelo, ou veremos os resultados nos cidadãos que estamos formando. Em vez de formar pessoas que saibam pensar, as escolas estão dando o passaporte de burrice a uma geração de desconectados com a realidade social, econômica e moral daquilo que imaginamos como nação desenvolvida.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS SOBRE EDUCAÇÃO

NOTÍCIAS SOBRE EDUCAÇÃO

CODE WEEK 2020 EM OUTUBRO